MTC - MEDICINA TRADICIONAL CHINESA

MTC - MEDICINA TRADICIONAL CHINESA

INTRODUÇÃO

A medicina tradicional chinesa (MTC), também conhecida como medicina chinesa (em chinês 中醫, zhōngyī xué, ou 中藥學, zhōngyaò xué).

É uma prática milenar, originada há mais de 5.000 anos, e considerada uma das mais antigas formas de medicina oriental, o termo contempla as medicinas da Ásia, e os sistemas médicos tradicionais do Japão, da Coréia, do Tibete e da Mongólia.

Um sistema de saúde que se baseia na filosofia de que as doenças são resultado de um fluxo impróprio da força vital (Qi ou Chi).

O Qi é restabelecido pelo equilíbrio de forças opostas, yin e yang, que se manifestam no corpo como frio e calor, interno e externo, e deficiência e excesso.

A MTC se fundamenta numa estrutura teórica sistemática e abrangente, de natureza filosófica.

Entre seus princípios está o estudo da relação de yin/yang, da teoria dos cinco elementos e do sistema de circulação da energia pelos meridianos do corpo humano.

A MTC tem como base o reconhecimento das leis fundamentais que governam o funcionamento do organismo humano e sua interação com o ambiente de acordo com os ciclos da natureza.

Ela busca aplicar esta compreensão tanto ao tratamento das doenças quanto à manutenção da saúde através de diversos métodos.

Muitas das práticas são utilizadas para preservar e restaurar o Qi e, assim, a saúde. As mais comumente utilizadas são as ervas medicinais e a Acupuntura.

Outras práticas também utilizadas são alimentação, massagem e exercícios de meditação como o Qi Gong.

A MTC muitas vezes usa categorias diagnósticas que não correspondem aos conhecimentos científicos atuais da biologia e das doenças, como por exemplo, “tonificante de yin”, “tonificante de Qi e Xue”.

Medicina Tradicional Chinesa

A Medicina Tradicional Chinesa se baseia em conceitos Taoístas e energéticos, os quais enfocam o indivíduo como um todo e como parte integrante do universo. O Taoismo é uma filosofia de vida e uma religião chinesa milenar, na qual o ser humano deve viver em harmonia com a natureza, pois faz parte dela. Dessa forma acredita que, quando tomamos a natureza como referência em nossas vidas, atingimos o equilíbrio, ou o “Tao”. Para ela, o indivíduo é constituído por um conjunto de energias, provenientes do céu e da terra, que fluem por todo do corpo, e que devem estar em constante equilíbrio; quando isso não ocorre, temos então a manifestação de Patologias. O terapêuta busca como objetivo principal o  reestabelecimento  do fluxo da energia vital pelo organismo, e para isso, usa vários recursos para manter esse equilíbrio, tais como:

- acupuntura,

- moxabustão,

- ventosaterapia

- fitoterapia,

- dietética,

- tai chi chuan,

- qi gong.

 

Medicina Chinesa é um sistema abrangente e completo de saúde e de cura com origem na antiga China há mais de 4 mil anos, presume-se que na pré história, baseado em noções de harmonia e equilíbrio e que faz uso de numerosas técnicas para tratar ou prevenir patologias tais como acupuntura, massagem, fitoterapia, dietética, exercício físico e outras.

ORIGEM

A Medicina Chinesa (MTC) originou-se ao longo do Rio Amarelo, na China, tendo formado a sua estrutura académica há muito tempo. Ao longo dos séculos, passou por muitas inovações em diferentes dinastias, tendo formado muitos médicos famosos e diferentes escolas. É considerada uma das mais antigas formas de Medicina Oriental, que engloba também as outras medicinas da Ásia, tais como os sistemas médicos tradicionais do Japão, Coreia, do Tibete, da Mongólia e da Índia.

 

HISTÓRICO

Dinastias Yin e Shang: Inscrições em ossos e carapaças de tartarugas das dinastias Yin e Shang,há 3.000 anos evidenciam registos medicinais, sanitários e uma dezena de doenças.

 

Dinastia Zhou: Segundo registos da dinastia Zhou existiam métodos de diagnósticos tais como: a observação facial, a audição da voz, questionamento sobre eventuais sintomas, tomada dos pulsos para observação dos Zang-fu (órgãos e vísceras), assim como indicações para tratamentos terapêuticos como a acupuntura ou cirurgias.

 

Dinastias Qin e Han: Nas dinastias Qin e Han haviam sido publicadas obras como “Cânone da Medicina Interna do Imperador Amarelo” (Huangdineijing) considerada atualmente como a obra de referência da medicina chinesa.

 

Obras Médicas Clássicas importantes:

Existem muitas obras médicas clássicas famosas que nos chegaram do passado:

- O “Cânone sobre Doenças Complicadas”, “Sobre diversas doenças e a febre Tifóide”, “Sobre a Patologia de Distintas Doenças”, etc.

- O “código das Fontes Medicinas do Agricultor Divino” é a mais famosa e antiga obra sobre fármacos na China.

 

Dinastia Ming: Uma delas destaca-se pela sua importância o “Compêndio das Fontes Medicinais”, em 30 volumes escrita por Li Shizhen, da dinastia Ming, é a mais importante na história da China.

 

Dinastia Song: A acupuntura conhece reformas importantes na dinastia Song (960 a.C – 1279 a.C) impulsionadas principalmente pelo médico Wang Weiyi que publicou “Acupunctura e os pontos do Corpo Humano”. Moldando duas estátuas em bronze do corpo humano a fim de ensinar aos seus alunos as técnicas da acupunctura, acelerando assim o seu desenvolvimento.

 

Século XX:  No século XX, o imperador Mao Tze Tung, oficializou o ensino da Medicina Chinesa a nível universitário e a sua divulgação por toda a china, criando-se várias universidades e hospitais para a prática da medicina chinesa, considerada na época um recurso valioso e acessível para a saúde pública com referência e nível mundial na área da fitoterapia.

Filosofia

A MTC está fundamentada em dois pilares principais da Medicina Oriental, a Teoria do Yin e Yang e a Teoria dos 5 elementos.

OS CINCO ELEMENTOS

   A  Teoria dos 5 elementos é mais recente que a teoria do yin e yang foi documentada pela primeiramente vez na China no Período dos Estados Guerreiros (221-476 a.C.) e permaneceu  independente da teoria do Yin e Yang.

   Foi durante a Dinastia Song (960-1279 d.C.) que começou a fusão entre os dois sistemas, onde o sistema dos 5 elementos foi utilizado para diagnóstico e tratamento de doenças pela primeira vez.

A teoria dos 5 elementos é um sistema filosófico aplicável não só à medicina, mas a todas as outras situações.

Tudo pode ser classificado de acordo com esta teoria.

  Os 5 elementos podem ser considerados como fases ou movimentos das energias Yin e Yang. As imagens dos elementos Água, Madeira, Fogo, Terra, Metal representam as forças naturais que juntas formam um ciclo dinâmico.

Nota: O sistema dos 5 elementos teve períodos de alta e baixa popularidade através da história da Medicina Chinesa e da própria cultura daquele país. No Huang Ti Nei Ching, o Clássico de Medicina Interna do Imperador Amarelo, os 5 elementos eram um fator central.

Yin e Yang

O Yin e Yang opõem-se um ao outro, mas mantêm uma relação de mútua dependência. Um sem o outro não existiriam, assim como o céu não pode existir sem a terra e vice-versa. O Yin corresponde às substâncias nutritivas e o Yang às actividades funcionais. As substâncias nutritivas permanecem no interior, enquanto as funções dos órgãos manifestam-se em direcção ao exterior. Deste modo o Yin permanece no interior e o Yang mantêm-se no exterior. Por outro lado, o Yang no exterior é a manifestação da acção das substâncias nutritivas no interior, por isso o Yang é o servidor do Yin no interior. O Yin no interior é a matéria básica para o funcionamento do Yang, portanto o Yin é o servente do Yang. Sem a produção do Yin não pode haver Yang, sem a função do Yang, o Yin não tem razão de existência.

Os aspectos Yin/Yang em todos os fenómenos orgânicos não é algo fixo, correspondem a um processo de mudança permanente que envolve consumo e sustentação mútua. 

Fundamentos

A Medicina Chinesa (MTC) fundamenta-se numa estrutura teórica sistemática e abrangente, de natureza filosófica. ]

Está baseada no reconhecimento das leis fundamentais que governam o funcionamento do organismo humano, e sua interação com o ambiente de acordo com os ciclos da natureza, procurando aplicar esta abordagem tanto ao tratamento das doenças quanto á manutenção da saúde através de diversos métodos.  

SISTEMA TEÓRICO DA MTC

O sistema teórico da MTC é constituído pelas doutrinas sobre o:

- Yin-Yang

- Os cinco elementos,

- Os órgãos Zang-Fu,

- Os meridianos,

- Patogênese,

- Síndromes,

- Técnicas de diagnóstico,

- Princípios terapêuticos,

- Preservação da saúde e dinâmica dos cinco elementos e seis fatores naturais.

 

O YING-YANG: Tem a doutrina sobre o Yin-Yang e o conceito de Holismo como princípio orientador, a fisiologia e a patologia dos Zang-Fu e meridianos como base e Bianzheng Lunzhi (selecção de tratamento com base em diagnóstico diferencial) e o seu diagnóstico como fundamento terapêutico.

 

 

CARACTERÍSTICAS DA MTC:

A MTC caracteriza-se sobretudo pela sua interpretação própria das funções fisiológicas e alterações patológicas do corpo humano, pelas suas técnicas de diagnóstico específicas e pelos seus princípios terapêuticos próprios.

A MTC considera o corpo como um todo integral, estreitamente interligado pelos órgãos Zang-Fu, canais e colaterais, e mantendo estreitos laços com o mundo exterior.

Também enfatiza a importante função desempenhada no desenvolvimento das doenças tanto pelos fatores patogénicos endógenos (nomeadamente, "as sete emoções anormais") como pelos seis fatores patogénicos exógenos.

 

ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS – MTC:

Baseia-se nas teorias e princípios através de métodos de diagnóstico, diferenciação e tratamento das doenças:

- Quatro métodos diagnósticos como técnica principal,

- Oito princípios como linhas orientadoras,

- “Teoria dos órgãos Zang-Fu” - diferenciação das doenças,

- “Teoria dos Seis Canais” - diagnóstico diferencial,

- “Análise do Wei, Qi, Ying e Xue”- diagnóstico diferencial,

- “Análise dos três Jiao” - diagnóstico diferencial.  

 

NO COMBATE CONTRA AS DOENÇAS: No combate contra as doenças, a MTC confere grande importância à prevenção e ao tratamento preventivo das patologias, enfatizando as “causas primárias da doença” e do “tratamento de acordo com a constituição física do indivíduo e com as condições sazonais e locais”, entre outras.

Envolve 2 conceitos básicos:

(1) o conceito de holismo

(2) selecção do tratamento com base no diagnóstico diferencial.

 

O CONCEITO DE HOLISMO:

- Visão geral do próprio corpo como um todo integral

- Inter-relação entre o homem e a natureza.

- Corpo humano é composto por vários tecidos e órgãos com funções individuais e distintas, cada órgão sendo responsável pelas atividades vitais de todo o corpo.

- Corpo humano é um todo integral com suas partes constituintes estruturalmente inseparáveis, conectados fisiologicamente fisiologia, agindo entre si na patologia.

- Conexão plena entro o homem e a natureza, vivendo em íntimo equilíbrio, necessário à sua sobrevivência e cujas variações podem influenciar o corpo humano, direta ou indiretamente, assim provocando as suas correspondentes respostas.

O que faz a Medicina Chinesa?

A Medicina Chinesa, como sistema médico abrangente, diagnostica, trata e previne doenças. Apesar de poder remediar doenças e alterar estados de espírito, a Medicina Chinesa pode também reforçar o poder curativo, a imunidade e a capacidade para o trabalho, prazer e criatividade, isto é, a Medicina Chinesa assume um papel estimulante e capacitante.

Como pensa a Medicina Chinesa?

Filosofia Baseada no budismo, taoísmo, e confucionismo, que são os pilares filosóficos da MTC. As doenças são apenas caminhos onde o objetivo é a TRANSFORMAÇÃO PESSOAL. Atualmente existe ênfase em pesquisas ligadas ao mecanismo de ação da acupuntura, meditação e práticas físicas. A modernização de equipamentos utilizados em diagnóstico permitiu o entendimento parcial das técnicas, o que possibilitou a inclusão da acupuntura como especialidade médica em 1999. Desde então, muitos métodos foram desenvolvidos no ocidente, e incorporados às técnicas antigas, devido à inovação tecnológica. A associação com a medicina ocidental é vista como sendo o ideal,  possibilitando que os profissionais tenham uma visão mais abrangente, e com maior número de ferramentas visando a saúde integral do indivíduo.

O Yin Yang é mais conhecido entre os ocidentais e significa o princípio das forças naturais e complementares, isto é, que dependem uma da outra e não existem por si só. Podem representar os conceitos de masculino e feminino, luz e escuridão, ação e inação, mas não podem ser consideradas como forças rivais, e sim complementares, pois juntas criam harmonia. O Yin seria o lado escuro, associado com os elementos do feminino, da passividade. Já o Yang seria o contrário, representando o lado claro, masculino e ativo.

Na Medicina Chinesa toda a criação nasce do casamento de dois princípios opostos: Yin e yang, noite e dia, frio e quente, terra e céu, verão e inverno, molhado e seco, interior e exterior, corpo e mente. A harmonia neste casamento resulta em saúde, boa sorte, tempo ameno. A desarmonia leva à doença, desastre e falta de sorte. A estratégia da Medicina Chinesa é restaurar a harmonia dos princípios opostos.

Cada ser humano é visto como um universo em miniatura, um jardim em que, quer o médico quer o paciente, cultivam juntos a saúde. Cada um de nós dispõe de uma história única para ser escrita, um equilíbrio próprio para ser mantido. À semelhança de um jardineiro que rega e usa adubos para criar plantas robustas, o médico utiliza a acupunctura, a fitoterapia e alimentação para recuperar e manter a saúde.

A Energia Vital Qi

O Qi ou Ch’i é a energia vital que faz com que todos os seres humanos vivam e se conectem com o universo. Esse conceito é muito utilizado na prática da acupuntura, pois, de acordo com a crença, o corpo humana possui linhas de energia por onde fluem o Qi. Quando uma pessoa fica doente, significa algum problema nessas linhas e a acupuntura serve para desobstruir o canal de energia.

 

Cinco elementos na natureza.

No pensamento chinês, os elementos da natureza podem ser classificados em cinco tipos:

1- metal,

2- madeira,

3- terra,

4- água

5- fogo.

Estes elementos não são apenas os materiais que os nomes sugerem, representam também metáforas que ajudam a descrever o temperamento e a forma como os elementos interagem e se relacionam entre si.

Cinco elementos e o corpo humano.

Na Medicina Chinesa cada órgão está associado a um dos cinco elementos. Os antigos médicos Chineses estudaram extensivamente as ligações entre os aspectos fisiológicos e patológicos dos órgãos e tecidos. Comparando semelhanças entre fenómenos, os antigos médicos atribuíram fenómenos às diferentes categorias de elementos. Com base nas diferentes características, funções e formas, as ligações complexas entre fisiologia e patologia, bem como a correlação entre o corpo humano e o ambiente foram explicadas.

Edição 01 -                                                           SÃO LOURENÇO      23/10/2020 02:00             

Por: Rubens Fernando S Sene